STJ: STJ valida testamento que conta apenas com impressão digital da testadora


A 2ª seção do Superior Tribunal de Justiça – STJ julgou válido testamento particular apenas com impressão digital da testadora. A decisão do colegiado foi por maioria de votos, prevalecendo o entendimento proposto pela relatora, ministra Nancy Andrighi, a favor da superação do formalismo da assinatura de próprio punho.

De acordo com os autos, a testadora possuía esclerose múltipla geradora de limitações físicas, sem prejuízo da sua capacidade cognitiva e de sua lucidez. Assim, o testamento foi assinado a rogo e contou com a aposição de sua impressão digital, sendo que as testemunhas confirmaram o cumprimento das demais formalidades e, sobretudo, que aquela era mesmo a manifestação de última vontade da mulher.

No acórdão recorrido, que negou validade ao documento, o fundamento foi da ausência de assinatura de próprio punho da testadora e sua substituição pela impressão digital. Já a recorrente alegou que quando inexistir dúvida da vontade do testador, essa formalidade pode ser dispensada.

Em seu voto, a ministra Nancy Andrighi ressaltou que, se tratando de sucessão testamentária, o objetivo deve ser sempre a preservação das manifestações de últimas vontades dos indivíduos. Assim, as formalidades previstas no Código Civil devem ser interpretadas à luz dessa diretriz máxima.

O ministro Ricardo Villas Bôas Cueva divergiu da relatora, compreendendo que a exigência da assinatura do próprio testador não é “mero apego a formalismos”, mas questão de obediência a requisitos legais. A divergência foi seguida pelos ministros Raul Araújo e Paulo de Tarso Sanseverino. Já os ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi e Marco Aurélio Bellizze acompanharam a relatora, formando a corrente majoritária.

Especialista apoia a decisão

Para a advogada e professora Lisieux Borges, membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, apesar da decisão ter divergência de votos entre os ministros, foi acertada.

“De acordo com os autos, a testadora estava no hospital plenamente lúcida, mas não pôde assinar e por isso usou a sua digital. Para mim, é claro que a vontade dela foi expressa, inclusive na frente de testemunhas que, posteriormente, confirmaram aquela vontade da testadora”, afirma.

Ela destaca a fala da ministra Nancy Andrighi, que argumentou que não podemos na sociedade atual de massas, em que temos novas gerações que convivem com tecnologias e diversas formas de mídia que são capazes de expor a nossa vontade, ser aceito apenas testamentos por escrito como hábil a provar a vontade da pessoa.

“O que a gente tem a considerar não só para esse caso, mas para outros que porventura venham a acontecer, além da necessidade de formalizar, é que o mais importante não é a forma, e sim o conteúdo que está sendo dito por aquela pessoa. Então precisamos criar instrumentos e talvez até alterações e leis que possibilitem resguardar a vontade daquele que testa”, destaca.

Para Lisieux Borges, a decisão do STJ deixa claro a necessidade de mudanças para uma inclusão desses novos modelos da sociedade. Afinal, atualmente temos várias tecnologias que permitem que essa vontade seja exposta. Além da necessidade para as pessoas com deficiência física.

“Nós podemos estender essa situação para outros casos em que as pessoas têm plena consciência dos atos que estão praticando mas, em razão de uma deficiência física, seja auditiva, visual ou motora, elas não possam assinar o testamento. Não podemos mais vivenciar um Estado que exclui direitos fundamentais do seus cidadãos, independente se eles têm ou não algum tipo de deficiência”, enfatiza.

Fonte: IBDFAM

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STF: Presidente do STF enfatiza segurança jurídica na manutenção de serviços essenciais


Em videoconferência com o presidente da Fiesp e empresários, Dias Toffoli destacou que é importante unir o Brasil para enfrentar o novo coronavírus também do ponto de vista da segurança jurídica.

Em videoconferência com o presidente da Fiesp e empresários, Dias Toffoli destacou que é importante unir o Brasil para enfrentar o novo coronavírus também do ponto de vista da segurança jurídica.

“Estamos à disposição para poder agir e manter o funcionamento básico e essencial do país com garantia jurídica”, disse o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, em reunião sobre o enfrentamento ao coronovírus com integrantes do Conselho Diálogo pelo Brasil, organizado pela Fiesp/Ciesp. A conversa com o grupo, que reúne cerca de 40 grandes empresários do país, foi realizada por meio de videoconferência nesta terça-feira (24).

De acordo com o ministro Dias Toffoli, o sistema judicial brasileiro tem total condição de ser mantido em funcionamento, atendendo aos litígios, uma vez que dos 78 milhões de processos que tramitam no Judiciário, 85% são eletrônicos. No STF, 95% dos processos são eletrônicos.

Na reunião, o ministro destacou que os cuidados na área de saúde são primordiais, e que é importante unir o Brasil para enfrentar o novo coronavírus também do ponto de vista da segurança jurídica. Segundo ele, a reconstrução da economia do país será, sem dúvida, um grande efeito colateral da pandemia e deverá ser repensada.

O presidente do STF lembrou que, na semana passada, o CNJ editou uma resolução em conjunto com a advocacia privada, advocacia pública, Ministério Público Federal e Estaduais, e Defensorias Públicas no sentido de suspender os prazos até o final de abril, tendo em vista que muitos escritórios de advocacia passam por dificuldades de funcionamento. Ele também citou que em outra resolução foram estabelecidas modificações de prazos e exceções envolvendo o levantamento de depósitos, questões relativas a alvarás e precatórios, devido à necessidade de funcionamento da economia.

O ministro destacou a existência de um diálogo constante do Judiciário com os Poderes Executivo e Legislativo, mencionando que um projeto de lei foi encaminhado ao Congresso Nacional para a criação de um comitê entre o sistema de Justiça e os órgãos de controle, a fim de dar maior segurança e rapidez às decisões no combate ao coronavírus. “Temos tomado uma série de medidas, e mantemos diálogo permanente”, salientou.

Empresariado

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ressaltou ser necessário assegurar a continuidade do abastecimento de produtos e serviços nas áreas farmacêuticas, de alimentação, energia, telecomunicação, entre outros. “Essa conversa é para termos a tranquilidade de que teremos segurança jurídica de que atividades prioritárias terão perfeito funcionamento”, afirmou.

Fonte: IRIB  www.irib.org.br

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