TJAM promove audiência pública para discutir alteração de registro civil sem cirurgia para mudar sexo

A audiência aconteceu nesta segunda-feira, no Fórum Ministro Henoch Reis, em Manaus.

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), por meio da 4ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Manaus, promoveu nesta segunda-feira (29) uma audiência pública para discutir a alteração de gênero e nome no Registro Civil (RG) sem a ocorrência da cirurgia para mudança de sexo. A intenção é fundamentar futuras decisões do Justiça Estadual relacionadas ao tema. A iniciativa reuniu pesquisadores, militantes, religiosos e representantes do Estado e operadores do Direito.

O juiz titular da 4ª Vara de Família e Sucessões da Comarca de Manaus, Luís Cláudio Cabral Chaves, que convocou a audiência pública, decidiu, recentemente, em uma ação de retificação de registro civil, que um transexual pudesse mudar o primeiro nome e a identificação de gênero em sua Certidão de Nascimento podendo, assim, retificar seus documentos. O beneficiado pela decisão já havia feito a cirurgia para mudança de sexo. O debate nesta segunda-feira, discutiu a mesma alteração, porém, sem que haja a realização do procedimento cirúrgico. De acordo com o magistrado, há processos em tramitação no Judiciário com esse pedido.

Para o juiz, a discussão com a sociedade é importante e, com essa finalidade, a audiência buscou reunir informações e opiniões especializadas com o objetivo de, futuramente, subsidiar decisões judiciais. “Este é um tema contemporâneo e para julgarmos com isenção, organizamos a audiência pública com a finalidade de ouvir as mais diversas opiniões a respeito do assunto e fundamentar nossas decisões. Hoje existe a possibilidade de se debater antes com a sociedade e este foi o objetivo da audiência pública”, afirmou.

Participaram da audiência, realizada no auditório do Fórum Ministro Henoch Reis, localizado na avenida Jornalista Umberto Calderaro Filho, no bairro de São Francisco, zona Sul de Manaus, o antropólogo e representante do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) professor Ademir Ramos; da doutora e professora do Departamento de Psicologia da Ufam, Iolete Ribeiro da Silva; da doutora e professora do Departamento de Serviço Social da Ufam, Iraildes Caldas; da presidente da Comissão de Diversidade da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Amazonas (OAB-AM), Alexandra Zangerolame; do representante do Grupo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), defensor público Roger Moreira; da representante da Gerência de Diversidade de Gênero da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Sebastiana Silva; além de militantes e religiosos.

A representante da OAB-AM Alexandra Zangerolame, defende que as decisões que dizem respeito ao tema devem levar em consideração os princípios da dignidade humana. “Defendemos, em todos os momentos os direitos individuais, os princípios da dignidade humana de cada indivíduo e o Estado laico de direito. Nesse âmbito, apoiamos a possibilidade de substituição dos nomes em situações que causam constrangimentos às pessoas, lembrando que, no Brasil, a lei de registros públicos já prevê a possibilidade desta substituição por situações que causem danos”, apontou Zangerolame, mencionando que, nos direitos individuais dos cidadãos, a OAB também posiciona-se na da defesa dos LGBTs e do casamento homoafetivo.

Para a representante da Gerência de Diversidade de Gênero da Sejusc, Sebastiana Silva, é imprescindível que a sociedade e as instituições projetem estratégias para inibir as práticas de violação dos direitos à população LGBT. “Para exemplificar as consequências negativas da não autorização à mudança de nome, temos inúmeros relatos de cidadãos que deixaram de frequentar a escola pelo constrangimento de serem chamados pelo nome de registro por seus professores. Para virar esta página e restabelecer a dignidade destas pessoas, defendemos o direito de modificação de seus nomes, quando assim foi pleiteado”, mencionou.

Participando da audiência, o advogado e membro da Igreja Assembleia de Deus Tradicional, Miquéias Fernandes, comentou que, independente da fé e preceitos religiosos seguidos, a dignidade humana deve ser respeitada. “Em se tratando de religião, entendo que a fé que abracei não me dá o direito de impor a ninguém a maneira como esta deve viver. Devemos respeitar a dignidade humana e o nome deve ser modificado se o original causa constrangimento e fere sua dignidade”, citou.

EDITAL

A convocação para participar da audiência pública foi divulgada no Diário da Justiça Eletrônico do último dia 6 de agosto. Pelo edital, foram convidados a participar representantes de diversos órgãos e entidades, como dos Departamentos de Antropologia, Serviço Social e Psicologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ministério Público Estadual (MPE-AM), Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM), Assembleia Legislativa (Aleam), Câmara de Vereadores, igrejas, além do Judiciário e de entidades ligadas aos interesses do grupo LGBT.

Fonte: TJ – AM | 29/08/2016.

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TJ/AL: Abrigos vão uniformizar procedimentos para acelerar processos de adoção

Reunião que tratou sobre o assunto foi realizada na quarta-feira (24), na Corregedoria Geral da Justiça

A Coordenadoria Estadual da Infância e Juventude (Ceij) vem impulsionando ações junto às entidades de acolhimento de Alagoas para acelerar os processos de adoção. Uma reunião realizada na quarta-feira (24), na sede da Corregedoria-Geral da Justiça, definiu alguns procedimentos que devem ser adotados pelos abrigos.

Em 30 dias, as entidades terão que apresentar à Coordenadoria relatório informando sobre a existência da guia de acolhimento das crianças que estão abrigadas, que é necessária para os processos de adoção e destituição do poder familiar. Em cinco dias, os abrigos deverão criar e-mails institucionais para facilitar a comunicação.

O juiz Carlos Cavalcanti, presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) e membro da Ceij, destacou a importância dos procedimentos e a necessidade de que sejam realizadas atividades de formação com diretores e técnicos das entidades de acolhimento.

“O Judiciário tem buscado se aproximar cada vez mais desses abrigos, estruturando as bases necessárias para melhorar o acolhimento de crianças e adolescentes institucionalizados”, afirmou o magistrado.

A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedca) e gestora da “Aldeias Infantis SOS de Maceió”, Rickelane Gouveia, afirmou ser necessário tornar o acolhimento mais efetivo.

“Temos participado de vários momentos de reflexão, debatendo sobre temas que visam qualificar o atendimento a crianças e adolescentes que estão temporariamente nos abrigos. Muitos chegaram nesses locais ainda na primeira infância e ficam até a adolescência. No cadastro nacional existem mais casais interessados em adotar do que crianças aptas e isso não condiz com a realidade”, disse.

No dia 26 de outubro, às 9h, haverá um novo encontro na sede da Corregedoria para apresentação dos resultados das propostas feitas durante a reunião.

Fonte: TJ – AL | 25/08/2016.

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