Imóvel de empresa usado como moradia de sócio e dado em caução de locação comercial é impenhorável

​O imóvel dado em caução em contrato de locação comercial, que pertence a determinada sociedade empresária e é utilizado como moradia por um dos sócios, recebe a proteção da impenhorabilidade do bem de família.

Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que manteve a impenhorabilidade de imóvel caucionado que se destina à moradia familiar do sócio da empresa caucionante.

A controvérsia teve origem em execução promovida por um shopping center contra uma empresa de pequeno porte. O TJSP vetou a penhora do apartamento dado em garantia da locação, no qual moram o dono da empresa proprietária do imóvel e sua esposa, que é sócia da executada.

No recurso ao STJ, o shopping sustentou que, tendo sido o imóvel oferecido em caução no contrato de locação comercial, não deveria ser aplicada a regra da impenhorabilidade.

Caução não afasta proteção do bem de família

Para o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, relator, a caução em locação comercial não tem o poder de afastar a proteção do bem de família. O ministro lembrou que as exceções à regra da impenhorabilidade são taxativas, não cabendo interpretações extensivas (REsp 1.887.492).

Ele mencionou precedentes do tribunal segundo os quais, em se tratando de caução em contratos de locação, não é possível a penhora do imóvel usado como residência familiar (AREsp 1.605.913 e REsp 1.873.594). “Em caso de caução, a proteção se estende ao imóvel registrado em nome da sociedade empresária quando utilizado para moradia de sócio e de sua família”, afirmou.

Em seu voto, o relator destacou que a jurisprudência do STJ se firmou no sentido de que a exceção prevista no artigo 3º, VII, da Lei 8.009/1990 – a qual admite a penhora do imóvel do fiador de locação – não se aplica à hipótese de caução nesse tipo de contrato.

Proteção se estende a imóvel de empresa

O caso analisado, observou Cueva, apresenta a peculiaridade de que o imóvel pertence a uma sociedade empresária e é utilizado para a moradia de um dos sócios e de sua família. Além disso, o bem foi ofertado em garantia no contrato de locação de outra empresa, que tem sua esposa como sócia administradora.

Para o ministro, a finalidade do artigo 1º, caput, da Lei 8.009/1990 é proteger a residência do casal ou da entidade familiar diante de suas dívidas, garantindo o direito fundamental à moradia previsto nos artigos 1º, III, e 6º da Constituição Federal.

“O imóvel no qual reside o sócio não pode, em regra, ser objeto de penhora pelo simples fato de pertencer à pessoa jurídica, ainda mais quando se trata de sociedades empresárias de pequeno porte. Em tais situações, mesmo que no plano legal o patrimônio de um e outro sejam distintos – sócio e sociedade –, é comum que tais bens, no plano fático, sejam utilizados indistintamente pelos dois”, explicou o relator.

Ao negar provimento ao recurso especial, o ministro enfatizou que, se a lei objetiva a ampla proteção ao direito de moradia, o fato de o imóvel ter sido objeto de caução não retira essa proteção somente porque pertence a uma sociedade empresária de pequeno porte.

Fonte: Superior Tribunal de Justiça

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CGJ apresenta planejamento estratégico do Extrajudicial a delegatários

A Coordenação das Serventias da Corregedoria Geral da Justiça do Maranhão – CGJ/MA apresentou no último sábado, 18, o planejamento estratégico da pasta para o Biênio 2022/2024, aos delegatários das Serventias Extrajudiciais de todo o Estado, em evento híbrido realizado no auditório do Fórum Des. Sarney Costa, em São Luís, com transmissão pelo Youtube.

A juíza Ticiany Palácio, auxiliar da Corregedoria e responsável pelas Serventias Extrajudiciais, abriu o evento e ressaltou que a atual gestão tem o tom da integração, de um trabalho coordenado e planejado entre os delegatários, suas associações estaduais e nacionais e a CGJ. “Nosso desafio é levar a gestão das serventias para outro patamar, e obter reconhecimento da sociedade”, direcionou.

A magistrada apresentou toda a equipe que trabalha e se relaciona com a atividade Extrajudicial: Coordenação das Serventias e setor de Prestação de Contas. Apresentou o juiz Alistelman Mendes, que também é auxiliar da Corregedoria e realizará inspeções junto aos cartórios.

Participaram do evento, o juiz Jorge Jorge Figueiredo dos Anjos Júnior, diretor da CGJ representando o corregedor-geral da Justiça, desembargador Froz Sobrinho; Eliana Ferreira, coordenadora das Serventias; Delza Abreu, da Secretaria de Análise de Contas; Devanir Garcia, presidente da ANOREG Maranhão; Gabriela Dias Caminha de Andrade, presidente da ARPEN Maranhão; Diovani Alencar Santa Barbara, presidente da ATC Maranhão; Paulo de Tarso Guedes Carvalho, presidente da Central de Protestos do Maranhão; e Pedro Henrique Cavalcante Lima, presidente do Colégio Notarial Seção Maranhão.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Durante sua apresentação, Ticiany Palácio ressaltou que a CGJ deve ser a condutora do avanço na fiscalização e orientação da prestação de serviços registrais e notariais do Maranhão, aprimorando a governança das serventias extrajudiciais, e contribuindo com uma melhor gestão de dados, desenvolvimento profissional e maior interlocução com a sociedade. “Devemos avançar para prestação de serviços do Extrajudicial de excelência, pregando eficiência, agilidade e renovação”, pontuou.

O planejamento da Coordenação das Serventias está fundado em quatro eixos: Governança, Tecnologia, Eficiência e Sociedade. Na área de Governança serão realizados cursos sobre accountability, conceito Norte-americano que está ligado a transparência, prestação de contas e responsabilização pela tomada de decisão, controle e eficiência nos cartórios. Os cursos serão realizados em parceria com as associações dos cartorários e com a Escola da Magistratura do Maranhão – ESMAM.

Ainda dentro do eixo de Governança, a coordenação pretende implementar um programa de reestruturação das serventias extrajudiciais, com foco nas unidades deficitárias, problema que ocorre de forma mais grave em 28 municípios do Estado.

Nos eixos Tecnologia e Eficiência, a CGJ pretende criar um selo de eficiência e qualidade para avaliar a satisfação dos usuários das serventias, valorizando os delegatários que se destacarem, principalmente, quanto a digitalização do acervo e direcionamento das informações para a Cartórios Maranhão e ao Operador Nacional do SREI – Sistema de Registro de Imóveis Eletrônico.

A magistrada ressaltou a importância do envolvimento das serventias com o Eixo Sociedade, que vai acompanhar os projetos desenvolvidos por meio dos núcleos de Regularização Fundiária e Terras Públicas, bem como de Registro Civil e Acesso à Documentação, e finalizou solicitando que os delegatários informem à Corregedoria sobre boas práticas e atos inovadores desenvolvidos em suas unidades extrajudiciais.

A vice-presidente do Operador Nacional do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis, Bianca Castellar de Faria, participou remotamente do evento e louvou a iniciativa da CGJ do Maranhão em dialogar com os tabeliães e registradores. Para ela, a Corregedoria do Maranhão é um Órgão atuante, que ouve as necessidades de cada atribuição, verifica como pode ajudar e melhor regulamentar as temáticas. “É o que a gente precisa para agir com segurança”, parabenizou.

Bianca também disse que a inclusão digital das serventias do Maranhão é uma prioridade para a atual gestão do ONR, e que a entidade vai contribuir no que for preciso. “O ONR já tem uma cessão de hardwares para serventias com arrecadação de até 30 mil reais. Contem conosco para superarmos os desafios juntos”, relatou.

PALESTRAS

André Villaverde de Araújo, Oficial do 2º Registro de Imóveis de Recife e ex-tabelião no Maranhão, ministrou palestra para os participantes do evento. De forma remota, ele falou sobre gestão e fez reflexões sobre o tema. “Quanto menor o Cartório, maior deve ser a gestão dele. Se você tem escolha você tem gestão, que começa pelo local onde o seu cartório vai funcionar, passa pela seleção dos funcionários, dentre outras questões. Não há gestão de tempo, todos nós temos 24 horas por dia, temos o mesmo tempo, precisamos ter gestão do que faremos ao longo desse tempo”, pontuou.

Villaverde também falou sobre indicadores e controle dos dados das serventias, que lá na frente vão subsidiar a tomada de decisões. “Se você não pode medir, não pode gerenciar, então a partir de agora você tem de ter número para tudo no cartório, indicadores vão ser o termômetro do seu nível de gestão e organização”, relatou.

O titular do 1º Ofício de Registro de Imóveis de São Luís, Zenildo Bodnar, também ministrou palestra para o público do evento. Zenildo integrou a Comissão de Reformulação do Código de Normas da Corregedoria. Ele falou sobre liderança, parabenizando a juíza Ticiany Palácio pelo trabalho que tem realizado em tão pouco tempo à frente do Extrajudicial da CGJ.

Para Bodnar, a gestão não é apenas um dever, não é um favor, é um compromisso, uma obrigação constitucional, pois os delegatários exercem uma atividade que é pública, e por isso estão sujeitos aos princípios constitucionais. “Dentre os quais o princípio da eficiência. Todas as serventias precisam focar na gestão e nas pessoas, essas são as destinatárias da nossa atuação”, frisou a Oficial de Registro de Imóveis.

Fonte: Tribunal de Justiça do Maranhão

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Governo avança na regularização fundiária e na venda de imóveis federais

Secretário especial Diogo Mac Cord detalhou no BIF 2022 a estratégia de negociação de ativos da União

Publicado e15/06/2022 13h22

ASecretaria do Patrimônio da União (SPU) substituiu processos manuais, obsoletos, por ferramentas digitais disponíveis para o cidadão no portal eletrônico VendasGov, que contém informações sobre os imóveis do governo federal. O resultado dessa mudança, ocorrida nos últimos três anos e meio, foi um aprimoramento da gestão do órgão, salientou o secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercado do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord. Ele fez a declaração durante o painel “Oportunidades de Investimento no Mercado Imobiliário Brasileiro” no Brasil Investment Forum – BIF 2022, que está sendo encerrado nesta quarta-feira (15/6), em Brasília.

“Criamos mecanismos completamente novos para que esses imóveis possam ser vendidos de uma maneira transparente e competitiva”, disse Mac Cord. Ele destacou ainda o trabalho de regularização fundiária realizado pelo governo por intermédio da SPU. “Temos feito o maior programa de regularização fundiária urbana da história do país. Já estamos chegando a 400 mil pessoas beneficiadas”, ressaltou.

Mac Cord explicou que as áreas federais que estão ocupadas irregularmente são objeto de uma parceria entre o governo e o município. Citou o exemplo do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, o último grande projeto assinado. “São 150 mil pessoas numa área consolidada, com ocupação irregular há 70 anos. Agora, as pessoas poderão ter o título de propriedade e fazer uma reforma no imóvel, vender, comprar. Isso é uma transferência de patrimônio importantíssima para a geração de riqueza.”

Formas de venda

regularização urbana, portanto, faz parte do contexto de compra e venda da União. “Essa é uma primeira frente, que, para nós, tem um foco social, mas com grande geração de valor”, salientou Mac Cord. De forma mais tradicional, a negociação de imóveis federais ocorre pelo portal, no qual o candidato à compra encontra imóveis selecionados para venda pela SPU. É um processo normal de concorrência, em que, quem oferece o maior valor, vence.

Uma segunda forma de compra é a Proposta de Aquisição de Imóvel (PAI), por meio da qual o candidato faz uma proposta por um imóvel que não está à venda. Esse candidato providencia o laudo de avaliação e o submete à homologação da SPU. Na sequência é aberto um edital, e o candidato que fez a primeira proposta fica com o direito de preferência. “É o caso do Edifício A Noitena Praça Mauá, no Rio de Janeiro”, exemplificou Diogo Mac Cord. “Está publicado no site. O leilão será no dia 14 de julho”, comentou.

Fundos imobiliários

A terceira possibilidade se dá por meio dos fundos imobiliários, formados por um grande imóvel ou um conjunto de imóveis similares. O objetivo do governo, de acordo com o secretário, é licitar, na primeira leva, quatro ou cinco consórcios (gestoree administradores), que serão responsáveis pelo desenvolvimento da áreem questão. Mac Cord adiantou que, de início, deverão ser negociadas duas grandes áreas em Brasília; a Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro; em torno de 25 imóveis próximos a rodovias nos estados de São Paulo e Minas Gerais (perfil logístico); uma grande área à beira-mar no centro de Florianópolis; e uma área contígua ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre.

Esse é o tipo de ativo que colocamos no fundo imobiliário”, disse Mac Cord. “Pegamos ativos que estão acumulando pneu, sendo invadidos, para que a iniciativa privada possa criar algo formidável a partir do zero.”

O painel com a participação do secretário foi mediado pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, e contou ainda com o CEO da Maraey, Emilio Izquierdo Merlo; o diretor-gerente da GTIS Partners, Dietrich Heidtmann; e o CEO da Growth Tech, Hugo Pierre Furtado.

Fonte: Ministério da Economia

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