Inventário – Base de cálculo do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) – Patrimônio líquido transmitido e não a integralidade do monte-mor, deduzindo-se o passivo da herança – Incidência dos artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil, normas federais posteriores que revogaram tacitamente o artigo 12 da Lei Estadual nº 10.705/2000 – Precedentes deste E. TJSP – Decisão reformada – Agravo provido.

ACÓRDÃO – Decisão selecionada e originalmente divulgada pelo INR –

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 2072070-20.2019.8.26.0000, da Comarca de Ourinhos, em que são agravantes GIULIA PAVIGLIANITI (MENOR(ES) REPRESENTADO(S)), LUCINEIA DE ALMEIDA (INVENTARIANTE) e VICENZO PAVIGLIANITI (ESPÓLIO), é agravado FAZENDA ESTADUAL DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 10ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: “Deram provimento ao recurso. V. U.”, de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores JOÃO CARLOS SALETTI (Presidente sem voto), SILVIA MARIA FACCHINA ESPÓSITO MARTINEZ E COELHO MENDES.

São Paulo, 3 de setembro de 2019.

ELCIO TRUJILLO

RELATOR

Assinatura Eletrônica

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2072070-20.2019.8.26.0000

Comarca de Ourinhos

Agravante: Giulia Paviglianiti (menor representada) e Outros

Agravada: Fazenda do Estado de São Paulo

Voto nº 36657

INVENTÁRIO – Base de cálculo do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD) Patrimônio líquido transmitido e não a integralidade do monte-mor, deduzindo-se o passivo da herança Incidência dos artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil, normas federais posteriores que revogaram tacitamente o artigo 12 da Lei Estadual nº 10.705/2000 Precedentes deste E. TJSP – Decisão reformada AGRAVO PROVIDO.

Vistos.

Trata-se de agravo de instrumento contra a r. decisão de fls. 107/108 que, junto à ação de inventário, determinou a aplicação do art. 12, da Lei nº 10.705/2000, que não autoriza o abatimento de quaisquer dívidas no cálculo do ITCMD, nem as do espólio (processo nº 1001107-12.2017.8.26.0408 1ª Vara Cível da Comarca de Ourinhos).

Em busca da reforma, sustentam os agravantes que os herdeiros não respondem por dívidas deixadas pelo falecido, devendo o recolhimento do referido imposto ocorrer somente sobre o monte partível, presentes os requisitos legais.

Recurso sem pedido liminar.

Contraminuta – fls. 114/117.

A Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se pelo provimento do recurso fls. 121/124.

É o relatório.

O recurso merece acolhimento.

Inventário dos bens deixados por Vincenzo Paviglianiti, falecido em 20 de fevereiro de 2017 fls. 1/3 (processo nº 1001107-12.2017.8.26.0408 1ª Vara Cível da Comarca de Ourinhos).

No caso, há indicação de despesas com funeral e advindas do Bancoposta (na Itália), as quais, segundo os agravantes, devem ser deduzidas dos bens e direitos deixados pelo falecido, à luz dos artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil, não se aplicando o artigo 12 da Lei nº 10.705/2000.

Pois bem.

A questão é singela.

Dispõe o artigo 12, da Lei Estadual nº 10.705/001 quanto à vedação do abatimento, no cálculo do ITCMD, de dívidas que onerem o bem transmitido.

Entretanto, a considerar que os dispositivos do Código Civil – lei federal posterior – disciplinam a matéria de forma diversa, tem-se que o art. 12 da lei estadual referida não comporta mais aplicação, restando tacitamente revogado.

É o que se extrai dos artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil vigente, in verbis:

Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.

Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube.

E, como bem pontuado pela d. Procuradoria de Justiça: “Para fins da base de cálculo do tributo, não é possível, como pretende a agravada, considerar-se o patrimônio bruto sem a dedução das dívidas. Ao se obrigar o contribuinte a efetuar o pagamento do imposto tomando por base de cálculo o montante do patrimônio, estará se tributando também uma dívida, que por certo não é o fato gerador da incidência do ITCMD (…) soa razoável a conclusão de que o tributo em questão, por sua própria natureza, somente deve incidir sobre o acréscimo patrimonial dos herdeiros por força da herança.” (fls. 123).

Assim, a alíquota do ITCMD deverá incidir somente sobre o monte partível.

No mesmo sentido, a jurisprudência:

MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. ITCMD. Incidência do imposto sobre a totalidade da herança, sem abatimento das dívidas do falecido. Artigo 12 da Lei Estadual nº 10.705/2000 que contraria o disposto nos artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil. A base de cálculo do imposto deve corresponder ao acervo patrimonial transmitido, sem inclusão das dívidas do de cujus. Artigo 12 da Lei Estadual nº 10.705/2000 tacitamente revogado pelos artigos 1792 e 1997 do Código Civil, normas federais posteriores e incompatíveis com a primeira. Aplicação do critério temporal previsto no artigo 2º, §1º, da LINDB. Precedentes desta E. Corte. Sentença mantida. Recurso e reexame desprovidos (TJSP, Apelação Cível nº 1017320-56.2018.8.26.0568, 12ª Câmara de Direito Público, Des. Souza Meirelles, j. em 24.05.2019);

AGRAVO DE INSTRUMENTO. INVENTÁRIO. I. Controvérsia acerca da composição da base de cálculo do imposto mortis causa (ITCMD). Incidência tributária que deve se dar sobre o monte-mor líquido transmitido aos herdeiros, deduzidas as dívidas e encargos deixados pelo de cujus. Inteligência dos artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil. Revogação tácita do artigo 12 da Lei Estadual nº 10.705/00. Precedentes desta Câmara e do E. Tribunal. II. Pedido de dilação de prazo para recolhimento de ITCMD. Questão que não foi suscitada perante o i. Juízo de origem ou tratada pelo provimento recorrido. Inadmissível a apreciação por esta Corte, sob pena de clara e indevida supressão de instância. Agravo, neste ponto, não conhecido. Decisão reformada em parte. Agravo conhecido em parte e provido na parte conhecida. (TJSP, Agravo de Instrumento nº 2218217-49.2018.8.26.0000, 3ª Câmara de Direito Privado, Des. Donegá Morandini, j. em 11.02.2019);

APELAÇÃO E REEXAME NECESSÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. ITCMD. Admissibilidade. Restou incontroverso que os autores efetuaram o pagamento a maior do aludido imposto estadual, decorrente da transmissão de bens causa mortis de David Fernando dos Santos Azevedo, sem o desconto das dívidas deixadas pelo de cujus. O ITCMD deve incidir sobre o patrimônio líquido transmitido e não sobre a integralidade do montemor, deduzindo-se o passivo da herança, sob pena de confisco e afronta ao princípio da capacidade contributiva. Inteligência dos artigos 1.792 e 1.997 do Código Civil, normas federais posteriores que revogaram tacitamente o artigo 12 da Lei Estadual nº 10.705/2000. Precedentes deste E. TJSP. Pedido julgado procedente no 1º grau. Em se tratando de relação jurídico-tributária, os juros de mora devem ser calculados somente após o trânsito em julgado, de acordo com a taxa Selic. Honorários mantidos no patamar mínimo de 1% sobre o valor da condenação, nos termos do inciso V do §3º, do artigo 85 do CPC. Sentença parcialmente reformada. Recursos oficial e voluntário da Fazenda do Estado parcialmente providos. (TJSP, Apelação Cível nº 1000533-50.2018.8.26.0053, 12ª Câmara de Direito Público, Des. Souza Nery, j. em 26.08.2018).

Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao agravo.

ELCIO TRUJILLO

Relator

assinado digitalmente

Fonte: INR Publicações

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Instrução Normativa DEPARTAMENTO DE REGISTRO EMPRESARIAL E INTEGRAÇÃO – DREI nº 67, de 30.09.2019 – D.O.U.: 08.10.2019 – Retificação. Ementa Altera Manual de Registro de Sociedade Anônima, aprovado pela Instrução Normativa DREI nº 38, de 2 de março de 2017.

Na Instrução Normativa nº 67, de 30 de setembro de 2019, do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, publicada no Diário Oficial da União de 3 de outubro de 2019, Seção 1, páginas 72 e 73, onde se lê: “A companhia fechada, que tiver menos de 20 (vinte) acionistas e cujo patrimônio líquido for inferior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais)”, leia-se: “A companhia fechada, que tiver menos de 20 (vinte) acionistas, com patrimônio líquido de até R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais)”.

Fonte: INR Publicações

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Especialistas defendem na CDH aperfeiçoamento da reforma tributária – (Agência Senado).

09/10/2019

Durante debate, professores e dirigentes sindicais sugeriram mudanças em PECs no Senado e na Câmara
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Propostas de emenda à Constituição em análise no Congresso para alterar o Sistema Tributário não resolvem a desigualdade fiscal no país, concluíram especialistas que participaram de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) nesta terça-feira (8).

Para o diretor do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), Achilles Linhares, os textos da PEC 45/2019, em tramitação na Câmara, e da PEC 110/2019, discutida no Senado, focam na unificação de tributos com a criação do Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS). Para Linhares, a medida simplifica o sistema, mas não resolve a questão da alta tributação sobre o consumo.

Entre todos os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é o terceiro que mais cobra tributos sobre bens e serviços. No entanto, é o último na lista quando analisada a carga tributária incidente sobre renda, lucro e ganho de capital.

– Muito se fala em elevada carga tributária no Brasil, mas, na verdade, temos é uma má composição. Entre os países participantes da OCDE, estamos na mesma média. O problema é que a nossa composição é oposta ao dos demais, porque no Brasil nós tributamos violentamente o consumo e a folha de salários e muito menos o patrimônio e a renda – disse Achilles.

Outro problema apontado durante a audiência é a falta de dados econômicos na justificativa das propostas, observou a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Denise Lucena. Ela cobrou estudos estatísticos que comprovem a efetividade das PECs na simplificação e na redução da carga tributária.

– Eu quero comprovação exata de que a unificação dos tributos irá conseguir reduzir os valores pagos. Eu tenho um medo muito grande de que nessa reforma como está a proposta, focada no consumo, a carga recaia, novamente, para a sociedade brasileira – afirmou.

O delegado sindical do Sinprofaz, José Leite dos Santos Neto, propôs medidas como tributação sobre o patrimônio e renda; tributação progressiva sobre a herança; tributação sobre grandes fortunas; aumento do imposto de renda para os mais ricos; eliminação de privilégios sobre ganhos de capital e dividendos; taxação de consumo excessivo ou suntuoso; e fim do teto das contribuições previdenciárias.

– Essa é uma compilação do que poderia vir a ser uma reforma tributária mais justa – opinou.

Também participaram da reunião presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS), o presidente do Sinprofaz, José Ernane de Souza Brito; o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Maria Arruda de Andrade; o diretor de Assuntos Profissionais e Estudos Técnicos do Sinprofaz, Sérgio Luís de Souza Carneiro; o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Adilson Rodrigues Pires; e o presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, Edson Vismona.

Fonte: INR Publicações

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