1VRP/SP: Registro de Imóveis. É possível registro de instrumento particular de alteração de contrato social, com cisão parcial e incorporação dos imóveis de uma organização religiosa por outra: não há necessidade de formalização do ato por escritura pública.

Processo 1135873-14.2021.8.26.0100

Dúvida – Registro de Imóveis – Instituto Irmãs Missionarias de Nossa Senhora Consoladora – Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para autorizar a averbação dos títulos, os quais informam que, após cisão da proprietária tabular, os imóveis das matrículas n.40.746, n.118.241 e n.119.468 daquela serventia foram incorporados ao patrimônio da Associação Padre José Allamano. Providencie a serventia a necessária regularização do cadastro do feito (pedido de providências), inclusive para trâmite perante o subfluxo da Corregedoria Permanente, acionando o Distribuidor, se necessário. Deste procedimento não decorrem custas, despesas processuais ou honorários advocatícios. Oportunamente, ao arquivo com as cautelas de praxe. P.R.I.C. – ADV: LUCAS FURTADO DE VASCONCELOS MAIA (OAB 35229/DF)

Íntegra da decisão:

SENTENÇA

Processo Digital nº: 1135873-14.2021.8.26.0100

Classe – Assunto Dúvida – Registro de Imóveis

Suscitante: 3º Oficial de Registro de Imóveis da Capital

Suscitado: Instituto Irmãs Missionarias de Nossa Senhora Consoladora

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Luciana Carone Nucci Eugênio Mahuad

Vistos.

Trata-se de dúvida suscitada pelo Oficial do 3º Registro de Imóveis da Capital a requerimento do Instituto Irmãs Missionárias de Nossa Senhora Consoladora, tendo em vista negativa em se autorizar registro de instrumento particular de alteração de contrato social da parte suscitada, com cisão parcial e incorporação dos imóveis das matrículas n.40.746, n.118.241 e n.119.468 daquela serventia para a Associação Padre José Allamano (atas de assembleia geral registradas no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, nas quais se resolveu pela cisão parcial da primeira entidade, com incorporação do patrimônio cindido pela segunda, incluindo referidos imóveis).

O Oficial alega que há necessidade da lavratura de escritura pública, uma vez que, no regime dos registros públicos, impera o princípio da legalidade estrita, não se podendo aplicar, por analogia, o artigo 2.364 da Lei das Sociedades Anônimas nem o artigo 64 da Lei n.8.934/94, os quais excepcionam a regra do artigo 108 do Código Civil, a qual deve prevalecer.

A parte suscitada apresentou impugnação às fls.99/105, defendendo o registro do título apresentado, pois a cisão e a incorporação não configuram ato de alienação típica de bens, mas modalidade de reorganização regida pelos institutos das sociedades empresárias (artigo 2.033 do Código Civil), a qual dispensa a lavratura de escritura, notadamente por se tratar de associação civil sem finalidade de lucro e porque não haverá prejuízo à necessária publicidade.

O Ministério Público opinou pelo afastamento do óbice (fls.108/109).

É o relatório.

Fundamento e decido.

Primeiramente, é importante ressaltar que este caso não envolve efetiva transmissão de propriedade (registro), mas sucessão subjetiva por cisão e incorporação, o que implica averbação, nos moldes do item 9, b.16, Cap.XX, das NSCGJ.

O procedimento de dúvida registral, portanto, é inadequado, devendo o feito prosseguir como pedido de providências.

No mérito, o pedido é improcedente. Vejamos os motivos.

Como consta na ata da AGE realizada no dia 27 de março de 2021, com cópia às fls.12/13, houve deliberação e aprovação da cisão parcial da entidade suscitada, visando segregar suas atividades sociais, as quais são objeto de políticas públicas disciplinadas por normas específicas.

Assim, resolveu-se pela extinção das filiais envolvidas no desenvolvimento dessas atividades (CNPJ n.60.790.631/0003-45 e n.60.790.631/0011-55), com transferência do respectivo patrimônio para a Associação Pe. José Allamano, entidade congênere que as sucedeu em todos os direitos e obrigações, inclusive em relação aos imóveis objeto das matrículas n.40.746, n.118.241 e n.119.468 do 3ºRI da Capital, que integravam o ativo imobilizado da parcela cindida (fl.23).

Conforme ata da AGE da Associação Padre José Allamano realizada naquele mesmo dia, a incorporação foi deliberada e aprovada nos mesmos termos (fls.29/30).

Observe-se que as organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado que, por sua natureza, não têm finalidade econômica e gozam de autonomia quanto à sua criação, organização, estruturação interna e funcionamento, nos termos do artigo 44, §1º, do Código Civil.

A incorporação de uma entidade religiosa por outra tem expresso respaldo no Código Civil (artigo 2.033), sendo que essa operação de reestruturação deve se orientar, no que couber, pelas regras dos artigos 1.116 a 1.118 do referido diploma legal, que tratam da incorporação das sociedades em geral.

Nesse sentido, o Parecer n.26/2013-E, aprovado pela E. CGJSP no processo de autos n.6.477/2012, com a seguinte ementa (destaque nosso):

“REGISTRO CIVIL DE PESSOA JURÍDICA – Incorporação de uma organização religiosa por outra – Possibilidade em tese (artigo 2.033 do CC) – Válido aperfeiçoamento dependente da observação, no que couber, das regras previstas nos artigos 1.116/1.118 do CC – O controle da legalidade não compromete a liberdade religiosa nem a de organização e a de funcionamento das organizações religiosas (Enunciado 143 do III Jornada de Direito Civil) – Ausente documento comprovando a concordância da incorporadora (artigo 1.116 do CC) – Averbação da extinção requerida impropriamente pela incorporada (artigo 1.118 do CC) – Recurso desprovido”.

Outrossim, a cisão e a correspondente incorporação devem ser consideradas hipóteses de sucessão, com transferência de patrimônios líquidos por mutação subjetiva das entidades envolvidas, de modo que a propriedade imobiliária só é afetada por via oblíqua.

Em consideração à natureza dos institutos, além da circunstância de se dispensar, nessas operações, o recolhimento do imposto de transmissão (artigo 156, §2º, I, da CF), a CGJSP entendeu desnecessária escritura pública no caso de cisão de sociedades por cotas no julgamento do processo de autos n.1.779/95, ocorrido em setembro de 1995, pelo qual restou superada a exigência do artigo 134, II, do CC/1916 então vigente (correspondente ao artigo 108 do Código Civil atual):

“REGISTRO DE IMÓVEIS –

Averbação – Cisão de sociedade por cotas – móvel – Exigência de escritura pública – Desnecessidade – Averbação determinada – Recurso provido”.

Mesma linha de raciocínio havia sido adotada anteriormente, em dezembro de 1993, no julgamento do processo de autos n.254/93:

“AVERBAÇÃO – Incorporação – Inexistência de escritura pública para o ato – Extensão supletiva do disposto no art.234 da Lei 6.404/76 – Aplicação às sociedades de responsabilidade limitada das disposições da Lei de Sociedades Anônimas – Recurso provido”.

Mais recentemente, no julgamento do processo de autos n.134.378/2014, ocorrido em dezembro de 2014, a E. CGJSP aplicou referido entendimento para dispensar a escritura pública na hipótese de incorporação entre organizações religiosas, conforme apontado pelo Ministério Público:

“REGISTRO DE IMÓVEIS – Incorporação entre organizações religiosas, com reversão do patrimônio imóvel à incorporadora – Possibilidade de averbação à margem das matrículas, ante a comprovada incorporação – Desnecessidade de escritura pública para a transferência do domínio dos imóveis – Exigência, aliás, impossível de ser cumprida, diante da extinção das incorporadas – Recurso provido”.

O óbice, portanto, não se sustenta.

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para autorizar a averbação dos títulos, os quais informam que, após cisão da proprietária tabular, os imóveis das matrículas n.40.746, n.118.241 e n.119.468 daquela serventia foram incorporados ao patrimônio da Associação Padre José Allamano. Providencie a serventia a necessária regularização do cadastro do feito (pedido de providências), inclusive para trâmite perante o subfluxo da Corregedoria Permanente, acionando o Distribuidor, se necessário.

Deste procedimento não decorrem custas, despesas processuais ou honorários advocatícios.

Oportunamente, ao arquivo com as cautelas de praxe.

P.R.I.C.

São Paulo, 14 de janeiro de 2022.

Luciana Carone Nucci Eugênio Mahuad

Juíza de Direito (DJe de 19.01.2022 – SP)

Fonte: DJe/SP.

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TJAM: Nova portaria define o funcionamento do TJAM até o dia 31 de janeiro deste ano, devido ao atual quadro da pandemia de covid-19

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) autorizou, por meio da Portaria n.º 68/2022, que as unidades administrativas e judiciais da instituição, de forma extraordinária, adotem o regime de trabalho em home office até 31/01/2022, devido ao atual quadro da pandemia de covid-19 e ao surto de gripe causado pelo vírus Influenza A (H3N2). Quando não for possível este regime, ainda segundo a portaria, as unidades trabalharão com escalas de revezamento até o final de janeiro, mantendo-se em regime presencial com no mínimo 50% dos integrantes de equipes que atuem no mesmo ambiente de trabalho, ressalvados os casos em que a medida traga prejuízos aos serviços prestados pela unidade.

A Portaria n.º 68, de 12/01/2022, assinada pelo presidente do TJAM, desembargador Domingos Jorge Chalub Pereira, foi publicada nesta quinta-feira (13/1) no Diário da Justiça Eletrônico (DJE), páginas 6 e 7 do caderno Administrativo, e observa a necessidade de providências para garantir a continuidade dos serviços judiciais, por sua essencialidade.

Nas razões para publicar a portaria, foram levados em consideração “a tendência de forte elevação da média móvel de casos de covid-19 nos próximos dias, bem como o surto de gripe ocasionado pelo vírus Influenza” e o “aumento significativo dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, decorrentes das doenças acima, desde o mês de dezembro de 2021 e a necessidade de adotar medidas de precaução para garantia da segurança à saúde das pessoas”, além de outros motivos já observados nos últimos dois anos.

De acordo com a norma, o percentual descrito de no mínimo 50% equivale ao “somatório do número de servidores, terceirizados e estagiários que atuam em cada unidade, inclusive os integrantes de grupo de risco que já tenham sido completamente vacinados, salvo parecer médico em sentido contrário, a ser submetido à Secretaria de Serviços Integrados de Saúde”, do Tribunal de Justiça.

Escalas

Ainda segundo a portaria, quanto aos terceirizados vinculados a prestadores de serviços que mantêm vínculo contratual com o TJAM, o percentual presencial será de no mínimo 70%, devendo ser observada a natureza e a essencialidade de cada atividade exercida.

Quanto à escala de serviço, esta será elaborada pelo responsável de cada unidade jurisdicional ou administrativa, a quem cabe definir a quantidade de servidores em trabalho presencial, observado o percentual mínimo definido.

Continuam a ser adotadas as medidas de protocolo sanitário estabelecidas na Portaria n.º 1.753/2020, com o uso de máscaras e o distanciamento físico, a fim de se evitar aglomeração, além da obrigatoriedade de apresentar o comprovante de vacinação contra a covid-19 para entrar nas dependências do Judiciário estadual, como previsto na Resolução n.º 23/2021, do TJAM.

Durante o horário de expediente, será garantido o atendimento presencial às funções essenciais à Justiça, como o Ministério Público, advogados públicos e privados, e o acesso direto e ininterrupto aos sistemas de balcão virtual e instrumentos eletrônicos de comunicação, sem prejuízo da realização de audiências, sejam presenciais, remotas ou híbridas.

Contudo, o atendimento presencial ao público em geral será restrito aos que comprovarem a intimação ou notificação oriunda do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas.

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas.

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TJPR: Corte paranaense divulga o calendário da Justiça estadual de 2022

No dia 16 de dezembro, o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR) veiculou no Diário da Justiça o Decreto Judiciário nº 717/2021, que estabelece o calendário de feriados do Poder Judiciário em todas as Comarcas do estado em 2022.

Nesta terça-feira (18/1), o calendário foi disponibilizado para conferência pública no site oficial do TJPR. Confira, abaixo, as datas de feriados para a Justiça Estadual no ano de 2022:

Fica definido para as repartições forenses  

Janeiro: dia 1º (sábado) – Dia da Confraternização Universal, dia 07 (sexta-feira) – Transferência do feriado do dia 08 de dezembro;
Março: dia 1º (terça-feira) – Carnaval;
Abril: dias 15 (sexta-feira) – Paixão de Cristo, e 21 (quinta-feira) – Tiradentes;
Junho: dia 16 (quinta-feira) – Corpus Christi;
Setembro: dias 7 (quarta-feira) – Independência do Brasil, e 8 (quinta-feira) – Padroeira de Curitiba, somente no Foro Central de Curitiba;
Outubro: dia 12 (quarta-feira) – Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil e 28 (sexta-feira) – Dia do Funcionário Público
Novembro: dias 2 (quarta-feira) – Finados, e 15 (terça-feira) – Proclamação da República.

Fica suspenso o expediente em todas as repartições judiciárias do Estado do Paraná nas datas abaixo 

Fevereiro: dia 28 (segunda-feira) – véspera de Carnaval;
Abril: dia 14 (quinta-feira santa);
Junho: dia 17 (sexta-feira);
Setembro: dia 9 (sexta-feira).

O expediente só será suspenso mediante a compensação de (01) uma hora por dia, sendo essa reposição realizada, no máximo, até três meses após a referida suspensão.

O Decreto Judiciário nº 717/2021 ainda estabelece o calendário de feriados locais dos municípios sedes das Comarcas do estado. Acesse o documento na íntegra.  

Alterações no calendário ou no funcionamento das comarcas serão publicadas na parte de Avisos na página inicial do TJPR, bem como serão incluídas no Decreto Judiciário nº 717/2021.

Fonte: Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

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